21 de Fevereiro: Dia Nacional do Imigrante Italiano

Há 146 anos nascia a Imigração Italiana no Brasil

O Dia Nacional do Imigrante Italiano, comemorado no dia 21 de Fevereiro, relembra a chegada da primeira expedição de imigrantes italianos no Brasil.

A data foi instituída em 2 de junho de 2008, pela lei nº 11.687, e é celebrada em todo o território nacional. O dia 21 de fevereiro é alusivo à chegada, no Espírito Santo, em 1874, da expedição de Pietro Tabacchi, evento que marca o início da imigração em massa de italianos para o Brasil.

Como aconteceu a imigração italiana no Brasil

Com a abolição da escravidão no Brasil em 1888, os fazendeiros ficaram sem mão de obra para as terras. Então o governo brasileiro iniciou uma grande campanha com o intuito dos italianos irem para o Brasil. Segundo a campanha, lá eles teriam trabalho e moradia garantidos.

É provável que quase 4 milhões de italianos tiveram como destino o Brasil entre 1884 e 1939. Como eram brancos e católicos, os imigrantes italianos eram tratados de maneira diferente dos antigos escravos negros, mas a qualidade de vida não era superior ao que foi prometido. Uma história riquíssima, que você pode encontrar mais detalhes nesse excelente post do site Cidadania Italiana.

Tudo o que você precisa saber para pesquisar a sua ascendência italiana.

Muitos brasileiros que descendem de italianos desejam montar sua genealogia ao menos até seu imigrante. São diversos os motivos e a busca é mais acentuada para o reconhecimento da cidadania. Afinal, pela lei italiana, quem é filho de italiano, italiano é, independente do lugar de nascimento. Por isso resolvemos criar para vocês um guia com tudo o que você precisa para pesquisar a sua ancestralidade italiana.

A pesquisa reúne muitas etapas e seja para fins de entrada de reconhecimento ou para conhecimento das gerações anteriores e da história da família, o início a partir da própria pessoa e na sequência prosseguir com a linhagem para cima tem se mostrado mais fácil para os iniciantes.

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O contrário, partindo do imigrante para os descendentes, também pode ser feito. Esse método pode não ser muito eficaz por um motivo simples: é muito mais difícil encontrar documentos de uma pessoa que nasceu em 1880 do que dos pais do pesquisador, que muito provavelmente ainda estão vivos.

Porque seus ancestrais italianos deixaram a Europa

Começando pela história do ancestral que nasceu na Itália é bom entender o processo da mudança, ao menos o que é comum para a maioria dos imigrantes. Apesar dos fatos serem semelhantes, cada caso foi único e envolve os antepassados de uma pessoa. Detalhes fazem toda a diferença porém a visão do acontecimento mais comum auxilia na obtenção dos registros e em desvendar ou prever o que realmente ocorreu.

Tudo começou ainda na Itália onde pessoas ou famílias decidiram apostar em uma vida melhor saindo de sua terra natal para uma vida repleta de desafios do outro lado do oceano.

O cenário era uma crise financeira que atingia não apenas o país italiano mas todo o continente europeu. A economia mudava e os europeus não estavam conseguindo conduzir suavemente a transição para modelos capitalistas. Estima-se que 28 milhões de italianos saíram de seu país para buscar ofertas melhores de trabalho na própria Europa e nas Américas do Norte e Sul.

Como a maioria deles fosse do ramo de agricultura, o interesse de sua vinda ao Brasil colonial era favorável para todos. De um lado um gigante necessitando de pessoas para povoar e cultivar suas terras e do outro uma crise que impedia o progresso e dificultava a própria sobrevivência. O acordo era bom para todos, apesar dos enormes desafios iminentes.

Polenta, música e industriosidade: heranças de sua ancestralidade italiana

Alguns costumes adquiridos da crise se tornaram tradição, talvez esses pioneiros imigrantes desejassem que a dificuldade e sofrimento permanecesse na lembrança deles e dos descendentes para fortalecer seu empenho na nova vida. Um deles é a famosa polenta que serviu de alimento único por dias a fio enquanto nada mais podiam comprar ou preparar na terra natal e que também foi servida nos pratos da família no início dificultoso e trabalhoso no novo país.

Até hoje a polenta está presente nas reuniões dos descendentes brasileiros e une algumas das principais características dos italianos: a alimentação abundante (pode ter somente polenta, mas tem muita), a industriosidade e o canto.

No Espírito Santo é celebrada uma festa que virou tradição depois de 1979, onde uma enorme panela repleta de polenta é preparada e um mecanismo elaborado derruba o alimento para ser servido de forma majestosa e arrojada . Na região sul do país o “hino Merica, Merica” de toda reunião de italianos, seja um encontro de família de 20 pessoas ou de muitos descendentes, é entoado com orgulho e nostalgia, em talian, dialeto que a maioria dos imigrantes trouxe da região norte da Itália.

Leia também: A origem e as curiosidades dos principais sobrenomes italianos

A viagem dos seus ancestrais italianos para o Brasil

Para trazer pão de volta à mesa o sacrifício da viagem era suportável, ainda que em face dos vários dias nos porões de navios superlotados e do risco iminente de doenças além das péssimas condições de higiene e alimentação. A coragem marcou essas famílias desbravadoras proporcionando um enorme orgulho em seus descendentes.

Para a maioria a passagem era subsidiada pelo governo brasileiro que precisava urgentemente de mão de obra a fim de prosseguir com o crescimento da economia no país que estava ficando sem o trabalho escravo. Outros interesses que envolvem a cor da pele e cultura também entraram em discussão para privilegiar os europeus nessa empreitada.

A viagem não iniciava no navio, por vários dias os corajosos italianos empreenderam viagem terrestre até os principais portos de saída de seu país, em Gênova e Nápoles. De Belluno a Gênova por exemplo seriam mais de 400 quilômetros. Essa mudança também poderia significar o abandono de suas terras e a perda das mesmas, locais muitas vezes herdado através de muitas gerações.

Para que o tempo e a ansiedade passassem era comum que músicas tradicionais fossem cantadas, tanto em terra como em alto mar. Era uma forma de manter a alegria e a esperança apesar dos receios.

A chegada à tão sonhada chegada dos seus ancestrais italianos à América

Como país colonizado a partir do século XVI, o acolhimento de itálicos se deu em várias fases:

  • Ainda no século XVI, Filippo Cavalcanti, nobre da região de Florença na Itália, casou-se com Catarina de Albuquerque. Residentes na região Nordeste, mais precisamente na Capitania de Pernambuco, seus descendentes formam a grande família Cavalcanti ou Cavalcante em algumas grafias.
  • A imigração independente antes da incentivada pelos governantes esteve presente no país apesar de pouco divulgada. Como foi inexpressiva pouco se sabe a respeito, mas não impede um descendente de localizar seu antepassado visionário e aventureiro. Seguindo os documentos é possível encontrar as informações necessárias mesmo que não estejam em conjunto com a grande imigração que aconteceu entre 1880 e 1930. É importante saber que algumas famílias começaram a se mobilizar adiantando sua busca de melhores oportunidades antes dela acontecer em grande escala a partir de 1875. Um censo realizado em 1872 mostrou que haviam apenas 6.000 cidadãos nascidos na Itália residindo nas terras brasileiras.
  • Somente no ano de 1876 chegaram ao país 7.000 italianos, superando em mais que o dobro do existente no país desde o seu descobrimento em pessoas vivas. Um estudo estimou que no ano de 1880 havia no Brasil 50.000 italianos. Número ainda pequeno diante do que estava por vir. No final de 1890 haviam 230.000 itálicos no Brasil, sendo que muitos foram os retornos à Europa (cerca de 40.000).
  • As entradas no país contaram com muitas saídas sempre em proporção muito menor nas saídas e no final do ano de 1900 o país contabilizou 540.000 italianos em solo brasileiro. Os imigrantes continuaram chegando, porém em número inferior, apesar do governo italiano promulgar o Decreto Prinetti que bloqueou o subsídio das passagens pelo governo brasileiro devido às condições em que seus cidadãos viviam nas fazendas. Mais tarde o subsídio foi novamente autorizado e encerrado em 1927.

A política da colonização que prosseguiu até 1914 permitiu que muitos imigrantes italianos, especialmente do norte da Itália, fossem para o sul do Brasil, onde recebiam meios para seguirem do porto até a localidade a ser colonizada, terras, moradia provisória, condições para construção de uma casa e facilidades para o pagamento. A vida não era fácil mas era promissora e os ânimos se renovavam a cada dia.

Muitos que chegaram ao Brasil optaram por serem empregados nas fazendas do Sudeste, em sua maioria interior de Minas Gerais e São Paulo. Recebiam moradia, comida e muito trabalho. Era difícil progredir e pagar as contas da viagem mas foram fortes e prosseguiram. Alguns mudaram de vida e foram para a cidade grande trabalhar na indústria e no comércio acompanhando as mudanças na economia local e mundial.

Buscando os registros dos seus ancestrais italianos

As entradas foram registradas e podem ser acessadas principalmente no site do Museu da Imigração e no Arquivo Nacional. Nem sempre o acesso é diretamente pela pesquisa de nome ou sobrenome necessitando mais tempo e leitura até encontrar o que está sendo buscado. Em muitas situações onde não são encontradas as informações buscadas é comum o pesquisador imaginar ou até mesmo ouvir dos parentes mais antigos que seu ancestral entrou clandestinamente no país. Essa é uma situação muito rara e estudos comprovam que buscando mais a fundo é possível sim encontrar informações da viagem.

Leia também: Como pesquisar no site do Museu da Imigração do Estado de São Paulo

O porto de saída também é uma ótima opção para ajudar a desvendar o grande mistério da data, navio e dos familiares que acompanharam o ancestral na aventura que mudou a vida deles e a de seus descendentes para sempre. Muitos destes navios têm transcritas sua lista de passageiros na web, bastando buscar no navegador.

Muitos permaneciam em hospedarias até ser resolvida a viagem até o local designado. Essas informações também podem ser encontradas em sites e facilmente visualizadas. A hospedagem não acontecia para todos e a busca em tantas listas pode até ser cansativa, mas são essas informações que traçam a história de migração do ancestral.

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Para pesquisar sua ancestralidade italiana, comece por você!

A documentação é básica:

  • O RG contém os nomes dos pais e os dados da certidão de nascimento ou casamento para serem localizados em cartório
  • A certidão de nascimento tem mais algumas informações úteis que servem de trampolim para continuar na pesquisa. Ela trará informações dos pais, muitas vezes o local de nascimento deles e a idade, e os nomes dos avós.

As informações e histórias contadas pelos parentes vivos ajudam imensamente e mesmo que não estejam muito certas elas fornecem pistas para o encontro dos documentos que contarão o restante da história deles. Sempre é muito sábio fazer perguntas aos parentes vivos mais antigos para reunir material de pesquisa. Pode tomar tempo porém trará bons resultados.Leia também: Os diferentes tipos de documento genealógico e onde encontrá-los

Ascendendo na árvore genealógica de seus ancestrais italianos

O processo para cada indivíduo foco da pesquisa é o mesmo. Os documentos de identidade são fundamentais para uma boa pesquisa e é importante sempre se lembrar que uma certidão de nascimento contém os pais e avós em sua maioria. Portanto, ao ter os pais como principais a serem pesquisados, os avós e bisavós do pesquisador entrarão em cena. E ao ter os avós como principais, o pesquisador ascende para a quinta geração.

As histórias de cada um dos antepassados são importantes e revelam traços principais da família, eles poderão ser comprovados pela história contada pelos registros e descobrimentos advindos da busca. A profissão, os traços de personalidade de cada um, seus eventos principais como nascimento, casamento e óbito, estudos, realizações, conquistas, tudo ajuda a reconstruir o passado e permite preservar a informação para os outros descendentes.

À medida que o descendente encontra mais informações e registros, ele monta sua árvore e os detalhes de cada um dos participantes dela se torna uma importante conquista. A busca de mais documentos e informações que remontam a história dos parentes é sempre prazerosa e divertida.

Cruzando o oceano em busca dos seus ancestrais italianos

Realizada a busca de documentos e informações no Brasil o momento será de ir atrás dos registros no país de origem do imigrante. A pesquisa não precisa necessariamente ser no local, apesar de ser muito mais divertida, emocionante e cultural, sendo encontrados muitos registros importantes e relevantes virtualmente. A pesquisa de documentos italianos também pode ser necessária nos próprios locais, especialmente com a necessidade de documentação atualizada. Isso pode ser feito solicitando remotamente ao local a pesquisa e posteriormente os documentos que se deseja ou de forma presencial.

Leia também: As principais fontes de pesquisa genealógica na Itália

Viagens trazem um prazer a mais, o de pisar onde os ancestrais pisaram. Igrejas onde foram batizados, se casaram, frequentaram a missa. Campos que foram preparados para o cultivo e que serviram de cenário por muito tempo da vida deles. O contato com nativos, o idioma, a comida, tudo enriquecerá o entendimento e conhecimento dos que contribuíram com a vida por gerações.

Recursos tecnológicos também ajudam a ter uma ideia dos locais e a visitar mesmo que viagens estejam fora do Brasil estejam temporariamente inacessíveis. Uma visita virtual pode ser tão proveitosas quanto a física.

Como reconhecer sua cidadania italiana

Para quem é apaixonado pelo país de origem dos ancestrais o reconhecimento da cidadania é uma excelente oportunidade e poder visitar ou até mesmo morar na Itália com maior facilidade. Os benefícios são muitos assim como as oportunidades de estudo e trabalho.

Não importam quantas gerações existam até o ancestral, a cidadania é passada a partir do italiano nativo mais antigo. A documentação é imprescindível e as regras podem ser encontradas nas páginas virtuais dos consulados no Brasil. É importante atentar para os prazos e tipos de documentação, pois qualquer deslize pode prejudicar o processo.

Leia também: Passo a passo completo para ter sua cidadania italiana reconhecida

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O tempo aguardado para o início do processo é variável e se a pessoa já está na Itália como residente tende a ser mais rápido. Todo processo que envolve legislação deve ter os passos seguidos cuidadosamente para que o resultado seja exatamente como o esperado.

Muitos têm dúvidas sobre esse assunto e as mais comuns são:

  • Mesmo não nascendo na Itália como a pessoa pode ser italiana?
  • Mesmo sem um sobrenome italiano a pessoa tem esse direito?
  • Os documentos de entrada de requerimento de um primo que já solicitou são iguais aos que a pessoa deve apresentar?

E as respostas são simples:

  • A cidadania italiana é passada por direito de sangue, ou seja, jus sanguinis no latim como é conhecida. Já no Brasil por exemplo a cidadania é por direito de solo ou de local de nascimento. Sendo assim quem nasce no Brasil é brasileiro mas também é italiano se tem um ancestral da Itália.
  • A lei hoje determina que é italiano o filho de pai ou mãe italianos. Sendo assim, se a mãe tem ascendência italiana mas o pai não, o filho pode requerer o reconhecimento de sua cidadania mesmo tendo um sobrenome não italiano. Ainda que em sua árvore apenas o bisavô tenha o sobrenome italiano e suas filhas e netas não tenham carregado ele junto em seus registros, o que vale é a comprovação dele na linha direta.
  • Apenas os irmãos de mesmo pai e mesma mãe terão a mesma documentação a apresentar no requerimento. Apesar de o antepassado imigrante ser o mesmo para primos a linhagem é diferente e cada um deve buscar a sua.

Com a garantia de surpresas, a pesquisa da ascendência também encontra possibilidades de mudar sua vida assim como o antepassado italiano buscou no passado. A reunião dos fatos históricos, informações dos eventos principais e costumes transmitidos entre as gerações rende muito mais que um pedido de cidadania, traz o adorável sentimento de pertencimento.

Jornalista, publicitário e podcaster. Responsável pelo marketing e pela agitação de festas do MyPast.

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