Como utilizar o teste de DNA em sua pesquisa genealógica

técnica em laboratório manuseando frascos com amostras de DNA

Para muitos que pesquisam a história de seus antepassados e de onde vieram, o teste de DNA pode ser um poderoso auxílio esclarecedor. E como nem sempre o que os documentos revelam é a real ascendência, o teste de DNA pode apresentar outras linhas que merecem ser pesquisadas além daquelas comumente traçadas pelos registros.

A pesquisa genealógica se baseia essencialmente pela busca dos relacionamentos familiares, seja ela verbal ou através de pesquisa detalhada em registros e outros documentos. Certamente toda a árvore concebida através destes fatores tem seu real e assertivo valor, pois as famílias podem ser remontadas através do conhecimento dos dados das pessoas que dela participaram em vida.

Durante muitos séculos a ascendência sempre foi baseada na realidade visível, ou seja, nas famílias e nas relações de parentesco existentes e registradas em cartórios, igrejas, livros de família, e outros livros importantes e preservados ao passar do tempo, expondo as histórias e fatos da vida daqueles que deixaram muito mais do que uma informação genética para seus descendentes.

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O século XX trouxe, juntamente com outras tecnologias que aprimoraram não só a pesquisa genealógica, mas toda a humanidade em geral, uma maneira extremamente certeira de identificar a linhagem ascendente. Os testes de DNA, cada vez mais comuns entre curiosos, pesquisadores, revelam importante entendimento e não há meios de duvidar da sua veracidade científica.

A ancestralidade exposta através dessa ferramenta de pesquisa costuma trazer surpresas e muitas vezes pode mudar o curso da história de uma pessoa. É importante ter ciência de que ligações consanguíneas não comentadas podem surgir. Em outras situações ter apenas a pesquisa por registros confirmada, sem novos conhecimentos, também pode decepcionar. Estar preparado para lidar com essas verdades é uma atitude sábia.

Leia também: Os diferentes tipos de documentos genealógicos

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Como funciona o teste de DNA para descobrir sua ancestralidade genética

técnico coletando amostras de DNA da parte interior da bochecha de uma paciente, com uma haste.

Sem entrar muito no assunto da Biologia, o DNA é um ácido que é encontrado nas células e que possui sequência única para cada indivíduo. São muitos números nessa sequência que são iguais para todos os seres vivos, porém a individualidade tem forte presença nas células de cada ser.

Por meio do estudo de cada material, cientistas conseguiram encontrar semelhanças no código genético de povos e etnias que existiram e assim conseguem definir a porcentagem de cada pessoa com as populações. Existem tipos diferentes de resultados dependendo da empresa em que o teste for realizado, afinal o teste de cada um é comparado com o de outras pessoas que também o realizaram.

Algo simples, realizado apenas com a saliva da pessoa, muito utilizado na investigação policial e de paternidade, pois comparando o resultado de duas ou mais pessoas é possível resolver alguns mistérios.

Já para a genealogia, a comparação dos testes mostra se parentes vivos são realmente ligados consanguineamente além de dar uma porcentagem de cada povo ou etnia relacionados ao próprio código genético. E essa técnica também pode indicar o caminho a seguir na pesquisa ou comprovar o que já está pesquisado.

Os principais tipos de testes aplicados para a genealogia genética são:

  • Teste do cromossomo Y
  • Teste do DNA mitocondrial ou mtDNA
  • Teste de Ancestralidade Genômica

Um banco de dados cada vez mais amplo, onde mais e mais pessoas buscam conhecer suas origens através destes testes, permite que os resultados sejam mais assertivos.

Teste do Cromossomo Y

A parte Y do par XY de cada cromossomo é a que determina o sexo masculino. Sendo assim as mulheres que desejarem realizar este tipo de exame não poderão fazer a partir de sua própria saliva.

Pode ser utilizado para a genealogia principalmente para a comprovação do pai, quem normalmente concede o sobrenome à família. Para as mulheres que desejarem uma confirmação de sua paternidade pelo sobrenome que carregam e herdaram de seus pais, o teste pode ser solicitado por um irmão ou outro parente masculino direto.

Quando um cromossomo Y for diferente entre filho e pai a paternidade não pode ser comprovada. O mesmo pode acontecer entre irmãos. O teste não revela o grau de parentesco, se por exemplo for feito entre um avô e um neto o teste será positivo da mesma forma que dois irmãos que são filhos do mesmo pai. Primos descendentes de irmãos que sejam do sexo masculino devem apresentar o teste positivo quando seus pais são filhos do mesmo pai (avô dos primos em comum comprovado).

Para aqueles homens que foram adotados e buscam informações sobre seus pais, encontrar um irmão e ambos realizarem o teste será a chave para comprovar sua linhagem consanguínea.

Teste do DNA mitocondrial ou mtDNA

O DNA não está presente apenas no núcleo da célula sendo as mitocôndrias o local de consulta para este teste. Ele é passado para um filho exclusivamente pela mãe porém pode ser testado para o sexo masculino e feminino.

Através deste teste a linha ancestral materna pode ser confirmada ou mesmo encontrada, já que muitas vezes a linha feminina é perdida por alterar o sobrenome e ser difícil encontrar os registros com seu nome de nascimento a fim de continuar a traçar esse lado da família.

Descobrir parentes com mesmos antepassados em comum é um dos benefícios que este teste proporciona. Para quem tem interesse em sua antropologia, ou seja, ir ainda mais a fundo no conhecimento de sua ancestralidade, o teste pode ajudar bastante.

Da mesma forma que o teste com o cromossomo Y, quando em comparação entre pessoas próximas, o teste não revela se são irmãos, primos ou outro parentesco. Mas evidencia que são de uma mesma linha genética.

Teste de Ancestralidade Genômica

Por meio deste teste a origem étnica será revelada. As variações genéticas do genoma testado serão avaliadas e assim uma estimativa por porcentagem será fornecida. Padrões são identificados e atribuídos aos povos do planeta.

Sendo assim, os resultados poderão apresentar a porcentagem de origem africana, europeia, asiática e até mesmo uma porcentagem para origem desconhecida. Justamente por revelar a linha ancestral individual o teste é muito utilizado para pesquisas genealógicas, garantindo uma real visão das origens, sem generalizar.

Realizado a partir do DNA autossômico, ou seja, do lado paterno e materno, o pesquisador pode estimar o recebimento de seu material genético em 50% dos pais, de seus 4 avós 25%, dos 8 bisavós 12,50%, dos 16 trisavós 6,25%, dos 32 tetravós 3,12% e finalmente dos 64 pentavós 1,56%. Essa porcentagem entretanto não é igual para todos os filhos e variações infinitas podem ser passadas entre as gerações.

Identificar as gerações anteriores pode ser uma tarefa bem difícil, mas não impossível. O trabalho de genealogistas que realizaram o teste juntamente com suas árvores será analisado no teste para que a precisão seja maior no resultado individual.

Ponto de vista antropológico

A identificação de uma etnia é baseada nas mudanças que ocorreram em alguém em algum momento da história e que constituiu um povo. Semelhanças em pessoas que vivem geograficamente próximas ainda hoje, apesar da globalização, podem ser visivelmente observadas. O DNA irá relatar as origens mesmo que muito diversificadas, na medida do possível.

As migrações no passado eram menos frequentes e demoravam a acontecer. Porém a ciência identificou povos e suas origens, iniciando na antiga África e depois se espalhando pelo mundo. As mutações genéticas ocorriam com o passar de muitos anos e deram origem a todos os outros povos. Devido a essas alterações, rastros genéticos são percebidos e identificados para os que realizam o teste, os quais são chamados de haplogrupos.

Assim, para cada pesquisador que busca seu teste, os grupos são identificados através da sequência genética e as correlações geográficas indicam a etnia correspondente. Dessa forma muitos descobrem que 2% de seu genoma é Neandertal, outra parte é africana, outra eurásia e outra parte ameríndia, em sua maioria. São as origens mais remotas indicadas e apresentadas para a pesquisa genealógica.

A busca a partir da luz do DNA

imagem de uma haste de coleta de material genético em um fundo azul claro

Com as respostas recebidas pelos testes o próximo passo pode oscilar entre a confirmação da linhagem através das porcentagens étnicas descobertas e a construção de novas linhas de pesquisa.

Muitos resultados podem trazer mais dúvida que conhecimento, uma vez que a árvore traçada não tem pessoas da etnia relacionada no teste. Hora de aprofundar a pesquisa para encontrar. Os resultados nem sempre serão satisfatórios pois registros podem não ser encontrados. Algumas formas de obter mais entendimento incluem:

  • Conhecer sobre o povo étnico e sua história
  • Aprender sobre as migrações e mudanças
  • Buscar outros dados além dos tradicionais eventos vitais dos ancestrais
  • Analisar alterações nos sobrenomes
  • Buscar mais informações em outras árvores

O cuidado de sempre encontrar fontes seguras para a árvore genealógica é a melhor garantia para a veracidade do trabalho. Um estudo detalhado, baseado em registros e outras fontes históricas preenche adequadamente a pesquisa.

Os testes de DNA que revelam ancestralidade diferente e podem causar desconforto entre os familiares também servem para indicar um caminho para seguir na pesquisa. Adoções e outros segredos não deveriam representar problemas para a construção da árvore, mas sim permitir que ambos os caminhos sejam traçados, o da família consanguínea e o da família afetiva.

Leia também: Um breve guia sobre sobrenomes e pesquisa genealógica

Genealogia genética como ciência exata

O resultado a partir de testes de DNA irá proporcionar uma exatidão na pesquisa genealógica a qual é impossível de ser adquirida apenas pelos registros e documentação reunidos. Os filhos foram criados por uma família e ali registrados, nutridos, comparados fisicamente e tudo o mais que uma família costuma fazer no cotidiano. As declarações de paternidade nem sempre corresponderam à realidade. E apesar de o documento provar que a filiação está correta, apenas um exame de DNA pode ser exato.

A despeito de aparentemente a pesquisa por registros parecer errada ao constatar a falha através da comprovação genética, ela é real, existente e houve testemunhas a cada ocasião em que um registro foi lavrado. Portanto, a linhagem afetiva não deveria ser descartada por motivos científicos. Os laços familiares existiram e tudo isso faz parte da história da família.

A genealogia tradicional tem seu valor e precisa ser mantida e continuada, independente da parte sanguínea comprovada ou desmentida. A história comprovada e a vivida são importantes e ambas representam um grande desafio para o pesquisador prosseguir na montagem de sua árvore.

Saber que existe uma forma de comprovação real da pesquisa através dos testes de DNA é confortante. Usar esse conhecimento de maneira a ampliar a pesquisa é o que cada pesquisador deveria ter em mente.

Complemento ou base?

Cabe ao pesquisador definir se sua pesquisa será acrescida das informações reveladas pelo teste de DNA ou se ela será iniciada através dele. Alguns pesquisadores podem optar por criarem uma nova árvore e iniciar novamente, identificando assim sua ascendência sanguínea e real bem como seus ancestrais de convivência familiar.

A tecnologia e a ciência existem para acrescentar conhecimento e informação em seu formato mais atual e preciso, criados para ajudar e melhorar o trabalho e o legado deixado para outros descendentes.

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

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