A história e genealogia dos povos indígenas no Brasil Colônia

Para aqueles que encontram ancestrais descendentes de nações de índios, conhecer um pouco da história ajuda na pesquisa e entendimento da família. A cultura e os fatos históricos são incríveis e dignos de conhecimento.

A Terra Brasilis era habitada por povos indígenas, comunidades que viviam no país e no restante das Américas em grupos sociais pequenos e de culturas muito diferentes das conhecidas pelos Europeus por ocasião do descobrimento. E como todo desconhecido é difícil de ser entendido, não foi diferente durante o tempo da colonização.

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A história e memória são quase inexistentes pois os nativos não mantinham registros, sendo que o que há de preservação da época do descobrimento é apenas o que foi registrado pelos jesuítas, e eventos que envolviam a eles também.

Em seu estilo de vida, os indígenas promoviam guerras contra outros povos, nativos ou não, e o ápice era a prisão e condução do prisioneiro para o ritual de morte e antropofagia, banquete proporcionado por um guerreiro de outra nação indígena e muitas vezes por portugueses desbravadores.

A história dos povos indígenas no Brasil Colônia

Um povo que teve seus costumes registrados foram os Tupis, que habitavam as costas brasileiras. Sua comunidade era composta de 6 a 8 malocas, com aproximadamente 200 pessoas, com laços de sangue entre si e interesses comuns. Viviam da caça e pesca além do cultivo de alimentos, especialmente raízes, e faziam artesanatos.

A união amigável entre índios e colonizadores nem sempre existiu, porém muito apoio foi celebrado com alguns dos líderes indígenas, que inclusive tomaram para si as batalhas de expulsão de tentativas de outros países europeus.

  • Araribóia, que significa Cobra da Tempestade, reuniu guerreiros trazendo de longe (hoje do Estado do Espírito Santo) para ajudar os portugueses a combater os franceses na região do Rio de Janeiro. Como recompensa recebeu as terras de Niterói da qual foi o fundador. Ele adotou o nome Cristão de Martim Afonso de Sousa, uma forma de homenagear o Nobre de mesmo nome, donatário das capitanias do Rio de Janeiro e São Vicente
  • Tibiriçá, índio Tupiniquim que auxiliou em combates, inclusive com outros indígenas de sua própria nação e de outras inimigas, e ainda ajudou a escravizar nativos de outra nação nativa para os portugueses. Foi líder importante para São Vicente e mais tarde para a cidade de São Paulo, tanto que seu corpo foi sepultado na igreja do Colégio Jesuíta, na capital, antes chamada de povoado de Piratininga
  • No Nordeste, o chefe Zorobabé, índio Potiguar, foi aliado primeiro dos franceses na região hoje da Paraíba e Rio Grande do Norte, mais tarde tendo se unido aos portugueses para combater índios de outras nações e controlar o crescimento de comunidades quilombolas
  • Outro índio Potiguar na área nordestina do Brasil se destacou bastante nas batalhas contra os holandeses. Poti ou Potiguaçu de nascimento, logo se converteu ao cristianismo e recebeu o nome de Antonio porém se autodenominou Antonio Filipe Camarão, pois seu nome indígena tem o significado de camarão ou grande camarão. Foi leal por toda a sua vida à Coroa e muito batalhou, coordenando exércitos e livrando o país português dos invasores

Muitos outros se destacaram, foram convertidos e trabalharam junto aos portugueses no país que estava sendo governado pela Coroa Portuguesa. Nomes foram trocados, adotados sobrenomes europeus enquanto muitos imigrantes que vinham residir no novo continente preferiram adotar sobrenomes usando termos indígenas usados para designar localidades.

A união dos povos indígenas do Brasil Colônia

Claro que muitos nativos ainda eram desconhecidos nas primeiras décadas da colonização assim como ainda hoje há povos vivendo na selva isolados do contato social, e apesar das muitas leis de proteção às comunidades indígenas, muitos saíram de seus convívios e passaram a viver com as sociedades em geral.

Essa mudança de nação, ainda que no mesmo território, nem sempre era amigável. Muitos jovens eram raptados e vendidos, para o trabalho nas fazendas em sua maioria. Alguns mais belos acabavam sendo privilegiados pelos donos que os compraram, levando às igrejas e batizando, declarando que eram expostos (deixados em sua casa, sem que ninguém saiba quem são os pais) e dando nomes cristãos, a fim de apagar sua real naturalidade. A genealogia de alguns deles pode ser encontrada nos muitos livros de genealogia, porém a história nem sempre conta a verdadeira origem.

Leia também: A história dos principais sobrenomes de origem portuguesa

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As histórias dos descendentes incluem a frase “pega no laço” para mulheres indígenas ancestrais de muitos brasileiros. Retiradas à força de suas famílias, com a convivência social acabam utilizando a explicação para a falta de registros que a cidade de onde vieram sofreu perdas dos mesmos por questões climáticas ou incêndios. A obrigação de ficar e cuidar de uma família abandonando uma vida natural, canibal e simples transformou a vida de muitas dessas matriarcas e é ali que a pesquisa acaba parando por falta de informações reais. E para seus descendentes fica a triste realidade de não saber sua ancestralidade e nem do passado de onde foi originado.

Para o pesquisador uma ideia seria aprofundar o conhecimento da nação de onde a ancestral veio, quando for possível, e assim conseguir remontar uma história que será muito semelhante a de outros indígenas, inclusive a de seu antepassado.

Genealogia é repleta de desafios e pode ser realizada de muitas maneiras. Conhecer as origens se torna mais que apenas um passatempo, mas uma forma de encontrar a própria personalidade, explicando pensamentos, anseios, culturas e até mesmo qualidades inatas muitas vezes inexplicáveis.

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

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