Origem e curiosidades dos principais nomes e sobrenomes germânicos

Para quem tem antepassados que vieram da Alemanha e arredores, a pesquisa pode representar um desafio não só pelo trabalho de localizar os documentos, mas também pela cultura, idioma e escrita antiga.

A imigração germânica no Brasil teve várias fases iniciando a mais expressiva em 1818 no Sul da Bahia. A partir de 1824 ela foi expressiva direcionando os imigrantes para o Sul do país, em São Leopoldo, hoje no Rio Grande do Sul. Já em 1827 muitos foram para o porto de Santos e se instalaram em Santo Amaro na capital além de cidades cafeeiras no interior. E em 1829 os primeiros colonizadores germânicos se dirigiram para Santa Catarina. Após essas datas a imigração foi contínua e mais expressiva na década de 1920 depois da Grande Guerra.

Fluxo de imigrantes alemães no Brasil no período entre 1824 e 1969 [fonte: Brasil 500 anos]

Até hoje essas localidades iniciais apresentam fortes traços dos costumes dos povos germânicos. A cultura preservada é motivo de orgulho aos descendentes que preservaram através das gerações o dialeto, gastronomia, dança e canto.

As particularidades do idioma alemão

As palavras na língua alemã são extensas e repletas de consoantes e isso pode assustar os descendentes pesquisadores especialmente os que tiveram pouco ou nenhum contato sequer com dialetos.

Classificada na linguística como gutural e de origem bárbara, é uma dos 449 línguas indo-europeias, assim como o português, espanhol, italiano francês e outras. Os idiomas mundiais apresentam semelhanças e diferenças porém podem ser interligados em suas aparições.

A sonoridade vinda da garganta parece estranha para brasileiros e muitas palavras em alemão possuem o significado de várias na língua portuguesa como no exemplo streichholzschächtelchen que significa “caixa de fósforos” (para conhecer a pronúncia clique no ícone “ouvir”, no endereço linkado).

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Os nomes e sobrenomes de origem germânica

No Brasil era comum os descendentes de germânicos darem a seus filhos 3 ou mais nomes próprios. Era uma homenagem a parentes e aos padrinhos do batismo. Muitas árvores genealógicas dos descendentes possuem os nomes dos ancestrais nesse formato apesar de em outros documentos onde são citados como pais, poder estar registrado apenas um dos nomes pelos quais eram comumente chamados.

Outra situação muito comum para quem faz pesquisa é encontrar o nome de um ancestral de uma forma e outro documento de outra, sendo um nome “aportuguesado” e o outro em alemão. Alguns dos principais são:

  • Johann, Hans – João
  • Jacob, Jakob – Jacó
  • Anthon – Antonio
  • Franz – Francisco
  • Wilhelm – Guilherme
  • Hermann – Hermano
  • Friedrich – Frederico
  • Peter – Pedro
  • Phillip – Felipe
  • Georg – Jorge
  • Ulrich – Ulrico
  • Albin – Albino
  • Carl, Karl – Carlos
  • Nickel, Nicol – Nicolau
  • Leonhard – Leonardo
  • Johanna – Joana
  • Elizabet, Elizabetha – Elizabete, Eliza, Isabel
  • Agnes – Inês
  • Sonja – Sonia
  • Margaretha – Margarida
  • Luise, Louise – Luiza, Luisa
  • Ottilie – Otília

Os sobrenomes por sua vez também sofreram modificações na grafia ao longo do tempo no Brasil. Nas igrejas dos idos anos 1825 os padres escreviam como ouviam os sobrenomes, desconhecendo as grafias do SCH, Ö, Ä, Z, EI, CH, entre outras. Assim, Schmidt pode ter se tornado Chimite ou Ximite. Alguns dos principais sobrenomes alemães mais comuns no Brasil são:

  • Weber, Webber – Pronunciado em português como “Vêber”, significando tecelã ou tecelão, sobrenome derivado de profissão, ele é um dos sobrenomes mais comuns na Alemanha e nos Estados Unidos, seguido do Brasil
  • Klein – Pronunciado “cláin”, tem o significado de pequeno, sobrenome derivado de característica pessoal, Muito comum na Alemanha, Estados Unidos, França e Brasil
  • Scherer – Falamos “xérer”, tem origem na profissão tosador de ovelhas, podendo ter também o significado de barbeiro. Muito popular na Alemanha, Estados Unidos e Brasil
  • Schmidt – Pronunciado como “ximít” é um sobrenome derivado da profissão de ferreiro, como Smith no idioma inglês. Possui muitas variações não apenas no Brasil, e é muito comum a incidência na Alemanha, Estados Unidos e Brasil
  • Hoffmann – A pronúncia é “rófman” e tem a história no apelido de fazendeiros que possuíam e trabalhavam na própria propriedade rural. Muito comum na Alemanha, Brasil e seguida pelos Estados Unidos
  • Becker, Bäcker – significando padeiro, a pronúncia é “béquer”, tem na primeira grafia a maior incidência na Alemanha, seguida pelos Estados Unidos e Brasil
  • Müller, Mueller, Möller, Moeller, Miller – Estas e outras variações podem ser encontradas para representar o sobrenome que se pronuncia “míler”. Com o significado de moleiro, ou aquele que moe, na primeira grafia é muito incidente na Alemanha, sendo muito comum em toda a Europa
  • Schneider – Sua pronúncia é “chinaider” e seu significado é Alfaiate. É mais encontrado na Alemanha, seguida dos Estados Unidos e Brasil.

Leia também: Como pesquisar a genealogia de seus antepassados germânicos

Os censos realizados na imigração auxiliam no encontro das informações com a chegada das famílias oriundas dos reinos germânicos e posteriormente da Alemanha e países adjacentes. O conhecimento das grafias, suas variações e conhecimento de culturas de mais nomes nos registros de batizado do que em outros registros irá auxiliar na construção da fascinante árvore com ascendência germânica.

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

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