Os desafios da pesquisa genealógica no Brasil

Iniciantes na prática da pesquisa de ancestrais costumam relatar que sua genealogia é praticamente impossível de ser desvendada. Para os mais experientes, nada é impossível. A verdade é que existem muitos empecilhos, mas nada que impeça de continuar a pesquisa em outros lados familiares.

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* informação obrigatória

Registro moderno, porém impossível localizar

Quando a data do registro é superior a 1889 “é certo que o documento existe”. Infelizmente nem sempre é assim. Muitas localidades não tinham muito acesso e não registravam os filhos. Caso eles saíssem da comunidade para casar por exemplo, realizavam o autorregistro pois era obrigatório para uma certidão de casamento. O índice de pessoas sem registro é imenso mesmo diante da lei. As condições sócio-econômicas e geográficas não favoreciam as famílias que se abstinham dos registros.

Uma outra situação que ocorreu com certa frequência é a de os pais “aproveitarem” o registro de um filho mais velho que veio a falecer para um mais novo. A economia no registro foi uma prática muito utilizada e trazia confusões. Normalmente a criança tinha um nome mas seu registro era de outro nome. A data de nascimento não era a correta apesar de seus documentos posteriores terem sido emitidos com estes dados. O pesquisador fica confuso e acaba não encontrando base para sua pesquisa, pois a criança que faleceu não tem um óbito declarado bastando apenas o que as pessoas contam umas às outras.

Outra situação comum é a perda dos registros antes da devida digitalização. O tempo degenera os livros e condições físicas podem agravar e antecipar a perda como incêndios, enchentes, transporte inadequado, insetos, desmoronamentos e outros cenários inusitados.Talvez o pior de todos seja a falta de digitalização de registros na maioria dos Estados especialmente nos mais modernos e menos centrais.

O que fazer?

Buscar documentos religiosos e outras fontes de registros como inventários, carteira de trabalho, arquivos policiais e hospitalares dependendo da origem do antepassado, cemitérios e outros.

Leia também: Como usar documentos históricos para fazer pesquisa de antepassados

Evento antigo demais para se encontrar registros

Se com a obrigatoriedade as famílias encontravam meios de não registrar devido a todas as dificuldades, sem a exigência da lei a existência de cada pessoa fica mais difícil ainda de ser encontrada. Muitos lugares remotos ficaram praticamente invisíveis assim como seus moradores inexistentes nos registros.

Descendentes indígenas, negros escravos, famílias inteiras totalmente autossuficientes sem contato algum com outros povos definitivamente não mantiveram registros. A maior parte sequer sabia ler ou escrever e os recursos para a escrita eram muito caros e escassos.

O que fazer?

Muitas paróquias detiveram os direitos e deveres de registro por muitos anos. A pessoa que nasceu em uma comunidade muito provavelmente foi batizada e seu registro existe mesmo que datado do ano 1600. A maior parte está digitalizada e disponível nos muitos sites de pesquisa.

Livros de famílias contêm a genealogia que foi passando entre os pesquisadores que desvendaram muitas vezes no último momento detalhes de nascimento e outros eventos em registros familiares e outras fontes. A pesquisa abrangente fica disponível na literatura e pode dar sequência ao que já foi iniciado com parentes mais recentes. Além de livros existem sites com árvores e pesquisas prontas que também podem trazer informações preciosas.

Leia também: Guia básico para fazer o seu Livro da Família

Distância geográfica e infinitas migrações

Para o pesquisador a família sempre foi da cidade em que ele vive atualmente. Ao buscar informações ele descobre que os familiares são de um local inimaginável. O conhecimento sobre a região é fundamental para estabelecer um cronograma e lista de tarefas para a pesquisa. É importante buscar informações do passado da localidade pois normalmente ela pertenceu a um outro distrito e os registros podem estar nomeados naquela outra cidade. O acesso físico às localidades também pode representar um empecilho sócio-econômico que precisa ser ponderado e planejado.

Uma outra dificuldade neste tópico é o desafio do atendimento nos cartórios e outros detentores de registros. Muitas vezes o pesquisador se desloca em uma viagem de férias planejada e se depara com portas cerradas ou dificuldade de encontrar o registro por parte dos funcionários. Frustrante mas com condições de reverter em sucesso na pesquisa de acordo com a perseverança, estratégia e planejamento prévio.

O que fazer?

O Brasil gigante, apesar de ser um país com pouca idade, reúne muitos desafios para a pesquisa e que com toda a certeza deste mundo tornam a busca pelos ancestrais muito mais interessante e desafiadora, o que resulta em satisfação garantida. Empenho, planejamento e muita paciência garantirão excelentes resultados.

Leia também: O que é uma árvore genealógica bem sucedida?

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

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