O conceito de sobrenomes existe há muito tempo. Surgiu com a necessidade de discernir as pessoas entre si quando havia um aumento populacional de um povoado ou cidade. Surgiram em povos muito antigos e a prática foi perpetuada em alguns, em outras nem chegou a ser adotada. Relatos indicam que os sobrenomes surgiram por volta de 5000 anos na China. No Império Romano também foram necessários e a prática foi instituída. A maneira mais semelhante à que existe hoje iniciou na idade média. Não é diferente com os principais sobrenomes portugueses.

Amplamente utilizado na genealogia, os sobrenomes são indicativo e pista para a busca entre a maior parte dos pesquisadores. O clã ou família do sobrenome principal que acompanha várias gerações pode ter sido iniciado antes mesmo do ano 1300 DC apesar de a documentação religiosa e vital ser muito diferente da utilizada hoje em cadastros civis. Conforme o pesquisador avança em sua árvore rumo ao passado ele percebe essas diferenças nos poucos registros preservados dos séculos passados.

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As famílias reais mantiveram sobrenomes ao longo dos séculos, sendo em sua maioria homenagens a países e famílias ancestrais. Reis que vieram para o Brasil tiveram muitos nomes e sobrenomes e seus descendentes herdaram essa prática.

Os sobrenomes no Brasil podem ter várias origens. Em sua maioridade, cerca de 85%, eles são de origem ibérica, ou seja, de portugueses e espanhóis. São classificados como:

• Patronímicos
• Toponímicos
• Religiosos
• De ocupação ou profissão
• De características

Sobrenomes Patronímicos

Têm sua origem no nome próprio de um pai. Em algum momento ele foi continuado como sobrenome sem trocar para o nome do pai. Muito comum para sobrenomes portugueses, os mais comuns no Brasil, também é muito encontrado em outras culturas de acordo com o idioma falado.

Para o idioma português o final es é o mais utilizado. Essa terminação significa em sua maioria “filho de”. Portanto, Rodrigues foi uma vez no passado o sobrenome de algum José e a interpretação de seu nome inteiro seria: José filho de Rodrigo. Alguns sofreram adaptações como no caso de Ruiz (Filho de Rui) ou mesmo de Martins (Filho de Martin). A terminação ez pode indicar a origem de sobrenome espanhol.

Alguns sobrenomes nem receberam a terminação, e é bastante comum especialmente no Brasil encontrar sobrenomes que são mais conhecidos por nome. Eles foram passados para as gerações seguintes sem serem atualizados com terminações, apenas suprimindo a frase “filho de”. Assim um sobrenome com terminação Fernandes ficaria apenas Fernando. Um exemplo seria Pedro filho de Fernando ou apenas Pedro Fernando. Inclusive nomes que eram comumente utilizados em séculos passados passaram a ter conotação de serem apenas sobrenomes na atualidade como por exemplo, Duarte, raramente utilizado como nome próprio no Brasil.

Sobrenomes como Lopes, Mendes, Soares podem aparentar não pertencer à essa classe de sobrenomes por que o nomes de origem não são mais utilizados há bastante tempo (Lopo, Mem, Soeiro). Uma pesquisa mais profunda pode ajudar para o entendimento da origem específica.

Sobrenomes Toponímicos

Este tipo de sobrenome tem sua origem na localidade que pode ser uma vila, cidade, rio ou região. Apesar de muitos destes locais não existirem ou não serem mais conhecidos pelo nome que deu origem ao sobrenome, as gerações mantêm viva a conservação e preservação passando o mesmo sobrenome para vários descendentes. A família que era originária de Coimbra por exemplo, leva o sobrenome mesmo que não habitando mais na região há séculos. Muitos sobrenome toponímicos estão entre os principais sobrenomes portugueses.

Regiões conhecidas por alguma particularidade também originaram alguns desses sobrenomes como Cabral (campo onde as cabras pastam) ou mesmo detalhes como Pedroso (lugar onde haviam muitas pedras).

Tipos de árvores ou outra vegetação também originaram vários sobrenomes nessa classificação como Campos, Matos, Teixeira, Queirós, Correia, Macedo e até os próprios nomes das árvores como nos sobrenomes Oliveira, Carvalho, Moreira (de amoreira) entre outros.

Sobrenomes Religiosos

Essencialmente comuns na língua portuguesa eles fazem parte da árvore de muitas pessoas e podem não ter sido carregados por todos os seus antepassados em linha direta, ou seja, eles podem ter mudado com as gerações.

Na história muitos adquiriram esse tipo de sobrenome para mostrar sua conversão e carregar com orgulho sua nova fé. Outros ganharam esse sobrenome por terem sido deixados na igreja por uma mãe que não poderia cuidar e não tinha a quem recorrer. Também eram adquiridos a partir do dia do nascimento e de quem era o Santo homenageado no dia.

Alguns dos mais comuns são: Jesus, Reis, Assunção, Nascimento, Conceição, Trindade, Espírito Santo, Chagas, Graça, Patrocínio, Luz, Neves, Penha, Bonfim, Anjos e também nomes de Santos como São João, Santa Maria, Batista, Pádua, Loiola, Evangelista, Aquino e outros.

Sobrenomes de origem por característica

Peculiaridades de um patriarca podem ter dado origem a alguns sobrenomes, o que é bastante curioso. Exemplos são:

• Medrado – alto, crescido
• Lobo – selvagem, pessoa feroz
• Pinto – gentil, bondoso
• Tourinho – forte, robusto
• Gago/Galhardo – galante, cavalheiro
• Veloso – lembra lã, pessoa peluda
• Romero – peregrino (foi à Roma ou outra localidade religiosa)

Sobrenomes por ocupação ou profissão

Também bastante comum entre os principais sobrenomes portugueses. Os sobrenomes que têm essa origem levam a profissão do patriarca em consideração. Era comum designar uma pessoa pelo nome e em seguida falar sua profissão em muitos países da Europa, mas nem tanto em Portugal.

Essa modalidade não tem muitos exemplos na língua portuguesa, o que é diferente para sobrenomes originários de outros países europeus. Alguns exemplos são Serrador, Monteiro, Guerreiro, Caldeira, Cubas.

Ao contrário do que a maioria dos descendentes acredita, o sobrenome Ferreira não deriva da profissão ferreiro. Ele é toponímico, ou seja, Ferreira é um nome de um rio e de várias aldeias e vilas do país Luso.

A imigração, a colonização e como os principais sobrenomes portugueses chegaram ao Brasil

Nem todas as famílias portuguesas enviaram descendentes para migrar ao Brasil. Assim, muitos sobrenomes comuns em Portugal não são utilizados em terras brasileiras. Muitos imigrantes de regiões pequenas nem tinham sobrenome e ao chegarem no Brasil adotaram como sobrenome a localidade de onde vieram. Alguns mais comuns para essa situação são Almeida, Barros, Braga, Faria, Guimarães, Magalhães.

Uma visão geral dos sobrenomes brasileiros emite a impressão de que a maioria veio dos principais sobrenomes portugueses, o que não é errado pensar. Revendo a história o entendimento amplia sobre questões de ascendência indígena e africana, pois a religião exigia o batismo de todos e descendentes ganharam sobrenomes de origem portuguesa, em sua maioria religiosos ou recebiam o sobrenome de seu senhor.

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Assim como os indígenas receberam sobrenomes da nova pátria, algumas famílias que participaram da colonização do Brasil alteraram seu sobrenome como uma forma de homenagear e mostrar orgulho do novo local de sua residência. Elas tomaram para si nomes de tribos e povos indígenas, nomes de árvores ou de frutas nativas, localidades ou ainda de dirigentes indígenas famosos. Esses sobrenomes persistem nos dias de hoje e alguns exemplos são Goytacazes, Jatobá, Pitanga, Suassuna e Cayubi.

A prática que veio de Portugal de adquirir sobrenome toponímico continuou em terras brasileiras por muitos colonizadores. O sobrenome com o local de nascimento para as primeiras gerações nativas perpetuou e é possível encontrar facilmente os sobrenomes Brasil, Américo, Maranhão, e como visto anteriormente, de muitas localidades com nomes de origem tupi guarani como Araripe ou Parahyba.

Os principais sobrenomes portugueses (e suas histórias!)

A história do sobrenome SILVA

Um dos principais sobrenomes portugueses, sua primeira origem remonta o Império romano, denominando os residentes das matas ou florestas. Classificado como toponímico, sendo a tradução do latim para SIlva – selva, existem localidades no solo português com esse nome.

Considerado um sobrenome nobre durante a Idade Média no Reino de Portugal. Há indícios de famosos com esse sobrenome em linhagens reais e até em um general da Roma antiga.

Sua incidência no Brasil pode se dar pelo fator histórico de imigrantes portugueses adotarem o sobrenome ao chegar em terras brasileiras, escolhendo justamente este por ser um sobrenome nobre e muito bem conceituado. O registro mais antigo no Brasil é de 1612.

Hoje é o sobrenome mais comum no Brasil e também em Portugal. No mundo há 5.499.154 pessoas com ele.

A história do sobrenome SANTOS

Sobrenome religioso, muito comum no Brasil, dado às pessoas nascidas no dia primeiro de novembro e também adotado por motivos religiosos, especialmente pelos judeus que se tornaram cristãos-novos.

Tem origem francesa e italiana, sendo também toponímico para a região da Andaluzia, Sierra de los Santos. Segundo Forebears há 3.724.364 pessoas no mundo com esse sobrenome, com maior aparecimento no Brasil.

A história do sobrenome OLIVEIRA

Toponímico, refere-se ao local onde árvore de azeitona existe. É o terceiro sobrenome mais comum no Brasil com 2.635.915 pessoas com ele em seu registro em todo o mundo. Seu significado é oliveira, ou seja, árvore de oliva ou azeitona.

Sua origem também pode ser muito antiga, da aristocracia Romana. Pedro Oliveira, um dos primeiros registrados teria dado origem a vários descendentes nobres que carregaram com orgulho o nome da família.

Foi também amplamente adotado pelos judeus sefarditas descendentes da tribo de Levi. Utilizado especialmente para lembrar os descendentes de suas raízes pois o azeite de oliva é seu óleo de unção. Assim os judeus, com a adoção do sobrenome, escaparam da condenação e seguiam com a lembrança de sua fé.

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A história do sobrenome SOUZA

Classificado como toponímico, originário de um rio (o nome antigo é saxa que significa seixo, pedras) e uma povoação de Portugal, sua história possui uma mudança significativa na grafia especialmente no Brasil. Porém a origem para Souza e Sousa é a mesma.

É o quarto sobrenome mais comum no Brasil, com 1.597.302 pessoas registradas com ele. Segundo genealogistas o primeiro a utilizar o sobrenome nasceu em 1035, Egas Gomes de Sousa. No Brasil o nome Tomé de Souza é muito conhecido dos livros de história (foi regente do país).

A história do sobrenome RODRIGUES

Patronímico, significando filho de Rodrigo, surgiu por volta dos séculos XIV e XV. Ele tem origens espanholas também com a grafia Rodriguez. Em todo o mundo há 3.878.816 pessoas que portam esse sobrenome.

A história do sobrenome FERREIRA

Mais comum em Portugal que no Brasil, esse sobrenome, que também é um dos principais sobrenomes portugueses tem origem toponímica e não por ocupação como citado mais acima. Seu significado fica: aquele que vem da terra rica em ferro. Sua origem ibérica remonta o século XI, através de Dom Álvaro Rodrigues Ferreira.

Em todo o mundo são encontradas 5.209.876 pessoas com esse sobrenome sendo que a maior quantidade deles é brasileira.

A história do sobrenome ALVES

Sobrenome patronímico, originário do nome do patriarca Álvaro, reduzido de Álvares, filho de Álvaro. Uma outra explicação pode ser de palavra derivada de Alvar, então seria toponímico para um local com Carvalhos do tipo Alvar.

Sua maior incidência é no Brasil e em todo o mundo há 4.812.106 pessoas com este sobrenome.

A história do sobrenome PEREIRA

De origem toponímica, o primeiro a utilizar o sobrenome que se tem conhecimento foi Nuno Álvarez Pereira, da Casa dos Senhores e Condes da Feira. Essa família tem origens nobres e remotas e a descendência está entre as famílias reais europeias.

Uma outra história traz Rodrigo Gonçalves de Pereira que recebeu como pagamento por serviços prestados a Dom Henrique de Borgonha uma propriedade chamada Palmeira e Pereira, possivelmente por ser uma plantação de peras.

No Brasil engenheiros com esse sobrenome foram famosos nos Estados do Nordeste no século XIX. Além de muito comum em registros brasileiros, no mundo todo existem 6.003.429 pessoas com este sobrenome.

A história do sobrenome LIMA

Toponímico, originário do nome pré-romano Limia, um rio com lenda: quem por ali passasse esqueceria de tudo. Outra explicação vem do latim limes cercas ou proteção nas fronteiras das terras romanas. A palavra limite cai bem na explicação. Quem habitasse nessa região recebia esse sobrenome.

Dom João Fernandes de Lima que viveu no século XII é o primeiro a carregar o sobrenome. Atualmente existem 1.889.533 pessoas no mundo que carregam esse sobrenome.

A história do sobrenome GOMES

Apesar de o nome do patriarca de origem ter caído em desuso (Gomo), o sobrenome é patronímico. Muito usado no Brasil tem maior incidência demográfica em Guiné Bissau.

Em todo o mundo há 3.574.666 pessoas com esse sobrenome.

Nem sempre o sobrenome atual da sua família é o mesmo usado no passado

O sobrenome é uma referência, uma pista preciosa para o pesquisador que está buscando saber mais sobre sua família. Há muitas curiosidades sobre os principais sobrenomes portugueses e muitas das informações acima mudam com novas descobertas, nascimento ou falecimento de pessoas.

As alterações também não são raras entre a linhagem e nem sempre a busca por sobrenome é eficiente pois ele pode não ser o mesmo dos ancestrais sanguíneos.. A melhor maneira ainda é seguir de geração em geração, buscando os documentos de cada um com a referência da paternidade e de outros familiares e assim montar a árvore com sucesso.