Sobrenomes e a pesquisa genealógica: um breve guia

Quando ouvimos alguém falar Árvore da Família Silva (ou de qualquer outra família), soa muito bonito, não é? Parece até título de livro, ou de uma novela! Os sobrenomes são um excelente início para a pesquisa de antepassados, mas nem sempre foi assim. O sobrenome que a pessoa carrega hoje pode não ser o mesmo do tetravô. Os costumes variam muito entre as épocas e localidades e saber um pouco sobre a origem dos antepassados facilita na hora de buscar as informações.

A história do Sobrenome

Até meados do século XII as pessoas tinham apenas um nome. Maria era apenas Maria, José era apenas José, e estava tudo bem assim. Não havia uma grande necessidade de uma pessoa ter sobrenomes, pois as comunidades eram pequenas. Ao passar do tempo, com o aumento do número de indivíduos nos grupos, é que algumas sociedades adotavam os nomes dos pais para distinguir o Manoel-filho-do-Joaquim do Manoel-filho-do-Antônio.

Assim, mais de 700 anos atrás, alguns sobrenomes começaram a surgir. Muitos desses primordiais existem até hoje, como Fernandes (filho de Fernando), Rodrigues (filho de Rodrigo) e Antunes (filho de Antônio), em sistema de nomeação chamado de patronímico, que no mundo ocidental ainda é usado apenas pela Islândia.

Na origem dos sobrenomes há também a inserção de detalhes geográficos com o objetivo de diferenciar as pessoas, como por exemplo: Antônio da Rocha (que morava perto de alguma rocha conhecida por sua comunidade) ou José Oliveira (morava perto da plantação de azeitonas). A maior parte dos sobrenomes brasileiros tem aí a sua origem.

Países europeus de língua não portuguesa tinham o costume de usar como sobrenome a profissão da pessoa. Carpenter (em inglês) e Zimmermann (em alemão) significam a profissão Carpinteiro. Muitas pessoas carregam esse sobrenome até os dias de hoje.

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Uso do Sobrenome nas diferentes épocas

É muito comum ouvir pesquisadores reclamando que sua bisavó não tem o sobrenome do pai. Metade destas vezes ela também não tem o sobrenome da mãe. Algo como:

  • Pai: João Henrique do Prado
  • Mãe: Maria do Espírito Santo
  • Filha: Anna Maria da Conceição

Como prosseguir com uma pesquisa desse tipo? A resposta é simples: utilizar documentos de referência, pois apenas por meio deles é possível confirmar a ascendência. Os sobrenomes podem ser uma boa referência, porém não devem ser sempre a base para a pesquisa. No caso acima por exemplo, em certa época, no Brasil e em Portugal, os sobrenomes dados aos filhos eram prioritariamente religiosos, acompanhados de promessas para que a vida da criança, especialmente de meninas, fosse prolongada ou apenas por devoção religiosa.

Sobrenomes espanhóis, inclusive de países da América do Sul hispânica, colocam primeiro o sobrenome do pai e depois o da mãe, diferente do costume brasileiro atual, de deixar o sobrenome do pai sempre por último para seguir entre as gerações.

Na época do Brasil Colônia, especialmente quando a mãe vinha de família mais nobre que a do pai, era o seu sobrenome que os descendentes herdavam e não o do progenitor. Isso também ocorreu um pouco em Portugal na mesma época e em outros países, principalmente entre a realeza e outros nobres.

Leia também: Como usar documentos históricos para fazer sua pesquisa de antepassados

Traduções e grafias diferentes

Para os descendentes de imigrantes de língua não portuguesa, muitos sobrenomes foram modificados ao longo do tempo. A maior parte deles não sabia escrever e apenas ditava seu nome para alguém registrar. Algumas mudanças foram realmente gigantes se considerada a grafia e não a pronúncia. Um exemplo seria o sobrenome italiano Pagliari se transformar em Palhares.

Ao iniciar a pesquisa é muito importante que a busca seja abrangente e que essas alterações e circunstâncias de mudanças de sobrenomes estejam claras nos objetivos para que, ao encontrar um documento, o mesmo não seja descartado por não ser do mesmo sobrenome. Isso também vale para o conceito de “travas” na árvore. Uma pesquisa detalhada e de mente aberta sempre alcança melhores resultados.

Os sobrenomes são uma excelente referência e na maioria das vezes seguem um padrão. O mesmo acontece muitas vezes com os primeiros nomes repetidos ao longo de gerações, circunstâncias que ajudam muito na pesquisa depois de identificadas. Seguindo a sequência lógica ou não, conhecer seu significado, origem e encontrar muitas gerações com o mesmo sobrenome é inspirador.

Mas e aí? Qual a história do seu sobrenome? Conta pra gente nos comentários! 😉

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

4 comments On Sobrenomes e a pesquisa genealógica: um breve guia

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