Quero fazer minha árvore genealógica: como começar e o que fazer!

Ilustração à lápis de uma árvore genealógica
imagem por Karuski.com [fonte]

Quer fazer sua árvore genealógica? Então sabia como começar e o que fazer! Se o desejo surgiu, então é hora de arregaçar as mangas e começar. Para muitos, genealogia parece muito difícil e demorada, porém é maravilhoso fazer parte deste grupo animado e que adora compartilhar informações com todos. O começo é algo fascinante e promissor. Depois de iniciar será difícil parar, pois uma força maior impulsiona para encontrar mais um familiar, mais um documento, mais um dado. E tudo isso irá contribuir para a história e preservação das informações dos familiares.

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O melhor formato para fazer sua árvore genealógica

O formato gráfico onde todas as informações familiares são inseridas é chamado de árvore familiar. Tem esse nome por muito se assemelhar ao formato de uma árvore, com uma base menor e as copas imensas e cheias de ramos. O termo ramos familiares para descrever famílias conectadas por um ancestral comum, provavelmente deriva da imagem da árvore. Um indivíduo pode ter 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós e assim por diante, abrindo um leque infinito e largo a cada geração.

Genealogia pode ter o significado de conhecimento (logos) das gerações (genea). Segundo filósofos, logos é a explicação, o que evidencia o que está sendo apresentado. Sendo então a genealogia uma forma de provar a própria existência fundamentada pelos ancestrais que proporcionaram a vida para a pessoa que realiza a própria árvore genealógica.

Esse desejo de comprovação ou conhecimento da ancestralidade é originado muitas vezes pelo desejo único de conhecer a si mesmo. Saber as origens, os fatos e a história de cada um dos antepassados diretos é conhecer o que pode acontecer com a própria pessoa, é entender a cultura familiar, hábitos e interesses em comum diferentes das outras pessoas em geral, coisas que são particulares da família e de algumas gerações apenas, variando conforme o tempo avança para o passado.

A composição gráfica pode ser em sua maioria visualizada desta maneira (no exemplo abaixo apenas 5 gerações):

As informações principais normalmente são o nome da pessoa, dados de nascimento, casamento e óbito (data e local). Porém a história da pessoa pode ser contada de várias formas incluindo profissão, mudanças, eventos religiosos como o batizado e outras informações relevantes.

Cabe ao descendente pesquisador encontrar e manter sua árvore com as informações necessárias, incluindo o que encontra em toda a sua pesquisa para que sua genealogia seja perfeitamente aceita pela sociedade e especialmente pelos outros descendentes de um mesmo ancestral em comum.

Ter uma árvore genealógica significa muito mais que apenas ter acesso às informações dos ancestrais. Seu valor social é imensurável pois o resgate de informações é bem visto por muitos descendentes. É também uma maneira de defender o patrimônio cultural, histórico e social da família, preservando sobrenomes, brasões, propriedades, títulos, feitos e muitas outras informações preciosas.

Como fazer sua árvore genealógica: ascendência e descendência

O formato árvore apresentado acima mostra a ascendência direta de uma pessoa para seus antepassados. Esse é o formato ascendente. O leque vai se abrindo de maneira proporcional pois sempre haverá mais uma geração e mais um casal de n-avôs. A representação gráfica fica imensa a partir da sétima geração (64 pentavós) sendo que ao chegar a esse ponto gigantesco, árvores virtuais são as mais fáceis de preservar um entendimento de quem é descendente de quem. Com 7 gerações ascendentes um indivíduo terá em sua árvore 127 pessoas grafadas, número grande para caber em apenas uma folha. A conexão de cada um pode ser representada através de um enorme leque.

Com as árvores compartilhadas depois de chegar à sétima geração fica mais fácil ou mais difícil prosseguir. Isso vai depender de muitos fatores que normalmente são:

  • Localidade
  • Cultura local que prima pela genealogia
  • Cultura familiar de preservação de informações e genealogia
  • Preservação de registros
  • Disponibilidade de acesso aos registros

 Árvores ascendentes que seguem muitas gerações baseadas em documentos e outros registros de outros pesquisadores pode ser a de muitos que iniciam a busca. A probabilidade de um dos 64 pentavós ser parente de um conhecido é muito grande. Sendo assim as árvores se conectam entre si e acabam afunilando nas informações para vários descendentes.

O formato descendente não deve ser abandonado pelos pesquisadores pois abrange os outros ramos familiares. Dessa maneira, trabalhando tanto em linha direta quanto na linha descendente dos ancestrais, toda a história será preservada e o entendimento e abrangência serão maiores.

Uma árvore descendente pode ser grande ou ficar interrompida dependendo das histórias de cada um dos envolvidos. Ela se inicia a partir de um antepassado e aloca todos os filhos, netos bisnetos, até todas as gerações que antecedem o pesquisador e os colaterais. Seria algo como:

A pesquisa de descendência auxilia também na pesquisa da linha direta, afinal muitas vezes não é possível encontrar documentos dos ancestrais principais e os ramos podem ajudar com informações nos registros próprios. Manter as gerações com todos os filhos e sua descendência deixa a árvore completa e torna a visualização para todos os primos mais fácil de entendimento, à medida que todos são incluídos e suas informações acrescentadas.

Trabalhar em uma árvore com toda a descendência de um ancestral também ajuda a desvendar mistérios e oferece dicas preciosas para a busca de documentos nas datas e locais correspondentes. Tendo um registro de óbito com o nome e idade dos filhos declarados nas mãos é possível ter informação para acrescentar na árvore e também prosseguir com a busca. O que parece emaranhado logo fica facilmente visível ao ser devidamente alocado na árvore familiar.

Como fazer uma pesquisa genealógica

É sempre bom relembrar dos primeiros passos para iniciar nessa agradável jornada de busca e encontro com o passado:

  • Conversar com os parentes vivos e pegar o máximo de informações possíveis. Essa fase é muito importante e necessária apesar de muitos ficarem receosos em prosseguir. Os parentes com mais idade podem passar informações preciosas que auxiliarão na busca dos registros e outros comprovantes. Muitas vezes eles se estendem nas histórias e as repetem, a paciência e atenção aos detalhes ajudarão a desvendar os mistérios que fazem parte desse trabalho
  • Pesquisar informações sobre as localidades onde os ancestrais viveram é muito importante para seguir com a pesquisa. Muitos locais mudaram de nome, eram abrangentes ou secundários e essa pesquisa vai facilitar na hora de buscar os documentos dos ancestrais
  • A história geral também garante uma melhor pesquisa pois com as informações gerais será possível prever eventos importantes como uma imigração por exemplo. Saber a respeito da história principal da cidade, país e acontecimentos gerais facilitará no momento de organizar um plano de pesquisa
  • Buscar nos principais locais, virtuais ou físicos, os documentos e papéis com informações dos ancestrais é um passo valorizado e o que garante que a pesquisa é séria e comprometida. Ao ter em mãos uma cópia de um registro, seja físico ou virtual, muita informação pode ser encontrada
  • Muito trabalho de genealogia já foi realizado no mundo e a árvore pequena pode se tornar imensa ao ser conectada com uma outra já existente. O trabalho de outros pesquisadores pode se juntar ao do pesquisador através de um antepassado em comum. Essas informações são encontradas em livros e em sites e blogs de genealogia

Leia também: Como usar documentos históricos para fazer sua pesquisa de antepassados

A importância dos sobrenomes na pesquisa genealógica

Parte importante da árvore e da pesquisa é o nome e sobrenome. Eles são a identidade da pessoa. O sobrenome carregado entre as gerações pode informar muito sobre o passado e a história. 

Muitas vezes o sobrenome não segue a linha paterna, e segue o lado materno. Outras vezes ele apenas é diferente de todos os seus ancestrais. As situações podem ser divergentes e por isso uma pesquisa apenas pelo sobrenome pode não ser muito eficaz.

Leia também: A história dos principais sobrenomes portugueses

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O nome da pessoa também pode fornecer informações preciosas pois muitas vezes seu nome de batismo é uma homenagem aos padrinhos que são parentes também. Em algumas épocas os bebês eram batizados e ganhavam 3 ou 4 nomes além do sobrenome do pai ou da mãe ou de ambos. 

Ao longo da vida um indivíduo pode ter outros nomes, no Brasil isso acontece especialmente às mulheres que ganham ou alteram o sobrenome após o casamento. A lei permite também que homens adquiram o sobrenome do cônjuge. A anotação de cada nome deve ser preservada na árvore ou em seus arquivos complementares pois a pessoa tem outros documentos e eles provarão cada passo bem como as alterações 

A origem dos nomes de batismo ou dados por ocasião do nascimento é diversa. Em algumas culturas é muito comum dar o nome do filho o mesmo que seu avô ou da filha de sua avó. Outros parentes também costumam ser homenageados como tios, bisavós e mesmo de parentes muito distantes. Na realeza é comum verificar o nome de batismo em homenagem a muitos ancestrais de ambas linhagens, ou seja, por parte de mãe e de pai, sendo que muitos príncipes receberam 10 nomes próprios ou mais.

Leia também: A importância dos casamentos na pesquisa genealógica

Com todas essas informações reunidas e depois de observado que existe uma cultura de homenagem aos nomes de familiares na família ancestral, ocorre uma maior facilidade de organizar e encontrar os nomes da descendência. As suposições poderão ser admitidas a partir de um documento comprovando a hipótese. As pistas deixadas pela cultura familiar também auxiliam na construção da árvore genealógica.

Uma outra cultura é a de dar ao filho o nome do santo do dia do nascimento. Sobrenomes religiosos também são muito comuns e nada tem a ver com o sobrenome do pai e da mãe.

Propriedades e Marcas ajudando na sua pesquisa genealógica

Também faz parte da pesquisa e ajuda na construção da linhagem saber sobre as propriedades e os sinais familiares. Muitos donos de fazenda antigos mantinham marcas de gado e a usavam para mostrar o proprietário em cercas, barcos e outros pertences da fazenda. Também eram mostrados nas contribuições comunitárias e religiosas, alocados em paredes ou soleiras.

Os brasões familiares também são uma importante aquisição de famílias nobres e de continuidade das gerações. Quando resgatados, seus símbolos também trarão informações interessantes, dos principais atos, propriedades e ocupações da família e que ajudarão na pesquisa.

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Como organizar um plano de pesquisa genealógica

Tudo o que é organizado e planejado se torna mais fácil de ser executado. Ao refletir sobre como o plano será colocado em prática algumas coisas não podem ser deixadas de lado:

  • Avaliar o que se tem em mãos, as histórias e informações preliminares são a base para uma boa pesquisa
  • Analisar nomes, datas e locais para programar buscas online em um mesmo livro, viagens quando necessárias e que tipos de documentos serão necessários para localizar os dados importantes
  • Estudar sobre as alterações locais de geografia para uma pesquisa mais centralizada e assertiva, sem perder tempo buscando em localidades onde a região ainda não tinha registros
  • Buscar as informações de religião para que a busca a partir de registros eclesiásticos seja no livro correspondente, sem perder tempo buscando em um livro da mesma época e local porém de outra denominação
  • Verificar a história de registros na localidade pois muitos foram perdidos através de eventos climáticos desfavoráveis ou antes de um acidente foram salvos por fotografias. Nenhum local tem a mesma história que o outro
  • Buscar conhecimento em paleografia através de cursos ou mesmo em atividades de indexação voluntária que ajudarão com a prática a reconhecer as diferentes letras e modos de escrever
  • Nunca deixar de anotar as fontes para cada informação, seja ela um registro civil, paroquial, literário, de outra árvore em um site, ou mesmo da memória de um parente vivo. Elas certamente ajudarão ao próprio pesquisador e aos outros descendentes e parentes colaterais

Leia também: Como conciliar a pesquisa genealógica com sua rotina

Onde buscar informações sobre seus antepassados

Os locais de busca são os tradicionais porém outros locais podem ser preciosos para ocasiões onde os documentos principais não estejam disponíveis. A escolha por encontrar os registros civis é sempre prioritária porém outros locais menos visitados também podem oferecer muitas informações importantes. O registro civil iniciou no Brasil por volta do ano 1889 e algumas localidades possuem registros anteriores a este marco ou posteriores. Antes disso os registros ficavam a cargo das igrejas. Há registros de batizado disponíveis para pesquisa muito antigos como os de 1500, época do descobrimento do Brasil. A escrita pode ser desafiadora, o tempo pode ter diminuído a qualidade da imagem porém eles são visualizáveis digitalmente, o que normalmente causa uma emoção grande para o pesquisador. Os principais locais de pesquisa incluem:

  • Cartórios de registro civil
  • Cartórios de imóveis
  • Paróquias
  • Dioceses
  • Cúrias
  • Fóruns municipais
  • Arquivos
  • Prefeituras
  • Bibliotecas
  • Instituto geográfico e histórico
  • Hemerotecas
  • Registros militares
  • Registros escolares
  • Registros de Santas Casas
  • Cemitérios
  • Google Books
  • Testes de DNA
  • Instituições com arquivos disponíveis em outros países (virtual)

A pesquisa nunca é igual para todos, a não ser que sejam dois irmãos e que sejam filhos do mesmo pai e mãe, e é isso que torna esse trabalho mais interessante ainda. A descoberta de informações preciosas, da história e da cultura é primordial para que o descendente conheça a si mesmo e suas origens. Cada dado coletado representa mais uma vitória somada às muitas peças já grafadas na árvore familiar.

Leia também: Pensando fora da caixa na pesquisa genealógica

Consultora de história da família, genealogista, pianista e principal responsável pelo blog do MyPast

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